Por um terço da vida, você não é nada, porque está dormindo. Se muito, você é uma outra pessoa que reside apenas nos sonhos. Uma que pode voar e às vezes descobre que não se formou na faculdade dez anos atrás. Ficou devendo uma matéria. Pânico!
Numa outra parte, você é o que paga as contas, e isso pouco importa. Resta-lhe, então, mais um tanto de vida. Um tantão, é verdade, mas você precisa caber inteira neste tanto. De repente, o teto parece baixo, né? As paredes podem te espremer pelos lados.
Você, vosmecê, vo-cê. Vou ser? Palavra estranha. Enfim, você é o que se faz por espontânea vontade. Seus gostos, seu tempo, as coisas que fazemos porque queremos. Fi-lo porque qui-lo. Será?
Com o tempo, você vai aprendendo quem é você. Na verdade, de tanto brigar com sua própria cabeça, você conclui: essa sou eu!
Essa… sou eu?
Essa sou eu ou quem as pessoas acham que sou eu? Sou eu ou é só o que diz minha carteira de trabalho? Meu deus, sou eu mesma ou é só o meu instagram?
Olha, eu vou ser sincero: não importa muito. Você é você. Vai na manha, cada um tem seu tempo. Eu, particularmente, não faço ideia. Quem sou eu?
Isto aqui é uma homenagem a você. Mas você mesma, sabe? Se não sabe, tudo bem. Vivemos a condição humana de descobrir-se. Talvez você seja a descoberta, ou a descoberta seja você mesma.
É isso?
Tome um vinho. Tire umas fotos. Leia um livro. Sei lá. Seja você.
(para Dara, no natal de 2024)